Ruínas do Sabugal Velho
As ruínas do Sabugal Velho situam-se na freguesia de Aldeia Velha. Os vestígios cobrem a totalidade do topo dum pequeno relevo, destacado da superfície planáltica pelos seus 1019 m de altitude, obtendo um amplo domínio visual da plataforma da Guarda/Sabugal, a norte. Para além do potencial estratégico, a ocupação humana do assentamento decorre da sua riqueza mineira, estando confirmada a presença de filões de ferro e estanho nas imediações.
No local foram realizadas escavações arqueológicas, entre 1998 e 2002, que atestaram a presença de vestígios construtivos e de materiais relativos a duas épocas cronológicas: a 1ª fase habitada durante o I milénio a.C. e a 2ª fase de presença humana nos séculos XII-XIII. As conclusões das intervenções nesta estação arqueológica indicam que o Sabugal Velho é um dos sítios arqueológicos fundamentais para o estudo e para a compreensão da proto-história da Beira Interior e da presença leonesa em terras de Riba-Côa.
No local são visíveis diversas construções arruinadas, distribuídas pelo topo do relevo e totalmente envolvidas por um anel de derrube de pedras, delimitando as suas íngremes encostas, e por uma segunda construção exterior de terra batida, apenas na encosta poente. As escavações permitiram apurar que estas ruínas se reportam à última presença humana no relevo, testemunhando uma aldeia medieval fortificada, cujas construções se encontram bem conservadas e dispersas por todo o espaço intra-muralhas. O aglomerado foi organizado com uma planta ortogonal. O casario distribui-se ao longo de uma rua central, para a qual desembocam pequenas e estreitas artérias transversais. Os edifícios, construídos em xisto, apresentam planta rectangular e alinham-se ao longo desses eixos da povoação.
Os trabalhos arqueológicos permitiram detectar um nível de ocupação mais antigo, com interessantes vestígios construtivos de comunidades do Bronze Final e Idade do Ferro, e possibilitaram o conhecimento da sua cultura material: cerâmica manual, cerâmica a torno pintada, cadinhos, escopros, fíbulas, machados de pedra, contas de colar de pasta vítrea, um pendente de xisto, mós de vaivém e pesos de seixo.
Por outro lado, obteve-se também uma panorâmica da vivência quotidiana das populações ribacudanas, durante a presença leonesa dos séculos XII-XIII, através da recolha de algumas mós circulares, escória, ferraduras, argolas e espigões, cravos e pregos, uma chave, moedas, alguidares e outra cerâmica comum doméstica, tampas e testos, uma conta de colar, fivelas de cinturão, uma rela. É a partir deste espólio que se podem obter os melhores paralelos para datar os testemunhos da ocupação humana nos dois diferenciados períodos de ocupação.
O povoado foi reabilitado para ser visitado pela população e os materiais provenientes das campanhas arqueológicas encontram-se expostos no actual Museu Municipal do Sabugal, e constituem um dos seus maiores atractivos de visita.