Ruínas do Convento de Sacaparte
Nas proximidades do Convento de Sacaparte, existem ainda os restos de um dólmen. Deste primitivo monumento sobram apenas três pedras, que constituem os restos de uma construção mais complexa, da qual só visualizamos uma parte reduzida, pois o monumento terá sido destruído ao longo do tempo, pelos trabalhos agrícolas e florestais e pela reutilização das pedras em muros das propriedades envolventes. A forma de colocação das pedras fincadas no solo é cuidada e a orientação E-SE do eixo principal da construção confirmam que se trata de um monumento funerário pré-histórico.
Estas construções sepulcrais eram constituídas por pedras mais ou menos verticais, em número variável – os esteios, e cobertas por uma grande laje horizontal – a mesa ou chapéu, formando uma câmara que se prolonga, por vezes, por um corredor igualmente coberto. As câmaras fúnebres podiam ter grandes dimensões, com mais de 2 metros de altura, outras vezes eram mais baixas, como parece suceder neste caso.Mas o dólmen não se reduzia apenas ao grande caixão de pedra. Estas lajes estavam, na origem, cobertas por um amontoado de pedra miúda e de terra que revestiam por completo a estrutura pétrea, formando uma suave elevação no terreno, de forma semiesférica, que popularmente se designa por mamoa. As antas que hoje visualizamos estão, por isso mesmo, já bastante descaracterizadas, pois apenas lhes sobra a câmara interior. No dólmen de Sacaparte ainda se notam algumas pequenas pedras em torno das lajes fincadas, testemunhando a sua primitiva cobertura.
Nestas estruturas mortuárias eram colocados os restos mortais dos indivíduos das comunidades neolíticas e calcolíticas que habitaram a região durante o IV e III milénio a.C. Junto com os despojos funerários eram depositadas algumas peças de cerâmica e artefactos de pedra polida ou lascada. Muitas vezes os próprios esteios das antas apresentavam pinturas ou gravuras de arte esquemática, de significado desconhecido, que contribuem para a datação do monumento, o que não parece ocorrer neste caso.
O dólmen de Sacaparte é o único testemunho megalítico preservado no concelho do Sabugal, apesar de bastante destruído. No entanto, sabemos que a região do vale superior do rio Côa foi rica em termos de megalitismo, porque terão existido, pelo menos, mais nove antas na actual área municipal, que foram entretanto destruídas ao longo dos tempos: cinco em Ruivós, duas em Aldeia da Ribeira, uma no Cardeal (Rendo) e outra na Bendada.