Atalaia do Carrascal
Os frequentes conflitos fronteiriços nas terras de Riba-Côa, durante as Guerras de Restauração (séc. XVII), obrigaram as suas gentes a precaverem-se das investidas inimigas vindas de leste. As referências documentais e os topónimos conhecidos testemunham a remota existência de uma ampla rede de atalaias – onde se insere a Atalaia do Carrascal – de controlo das principais entradas de castelhanos nesta região.
Desta linha defensiva, composta por um conjunto de estruturas militares em Vilar Maior, Aldeia Ribeira e Batocas, próximo da actual raia, faria também parte uma atalaia existente no topo do cabeço do Carrascal (Rebolosa).
O monumento encontra-se em razoável estado de conservação e possui um amplo interesse histórico e paisagístico. Ao contrário dos outros exemplares conhecidos no concelho, a atalaia do Carrascal apresenta ainda uma altura considerável e um acesso ao local facilitado.
A atalaia é uma construção de planta circular, com 6 m de diâmetro e paredes robustas de 1 m de espessura, possuindo amplo espaço interior. É construída em alvenaria de granito, tosco e não aparelhado, não evidenciando quaisquer sinais de uma porta ou de uma escadaria de acesso ao topo. O monumento estava rodeado pelo seu derrube e no meio das pedras observavam-se ainda restos das telhas de canudo provenientes da primitiva cobertura.
Supomos que a atalaia teria perto de 4 metros de altura e dois pisos distintos, pois se constata que, até aos 2 metros existentes, as paredes são mais largas e a partir daí há um estreitamento, para a colocação de um soalho de madeira que marcaria o piso superior. A parte inferior seria empregue para a guarida das sentinelas e para arrecadação, enquanto no topo, coberto por um telhado, era efectuada a observação do território.
A proximidade visual aos castelos de Vilar Maior e de Alfaiates demonstra que a atalaia do Carrascal constituía um elo na imensa cadeia de pontos de defesa do território raiano, na tentativa de detectar quaisquer movimentos militares inesperados. A sentinela que estava nesta guarita podia facilmente, por sinais de fumo ou bandeiras, contactar as guarnições mais próximas e proceder a um alerta defensivo, perante a entrada de um inimigo externo.
A Câmara Municipal do Sabugal procedeu a trabalhos de reconstrução deste monumento, recorrendo a uma equipa de pedreiros de cantaria de granito e xisto da autarquia, para empreender a consolidação e o restauro da ruína da atalaia, e o monumento pode ser visitado por quem o desejar, com o acesso devidamente sinalizado através de sinalética rodoviária.